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Evolução da emigração no séc. Xx

Evolução da emigração no séc. Xx

 

Ao tratar deste assunto relativo à emigração, não quero aqui induzir o leitor em erro, por isso vou imediatamente estabelecer as linhas orientadoras deste exercício escrito. Não vou enaltecer a enorme cotação dos portugueses emigrados no estrangeiro, que fruto da sua competência e perseverança granjearam uma reputação altíssima para a mão-de-obra dos portugueses. Por outro lado, sublinho aqui a minha tristeza por este não ser mais um texto da vitória da comunidade global, uma que favorece a livre circulação de pessoas num mundo que também queremos livre. Deixemo-nos de tretas. Trata-se, pura e simplesmente, de desertificação.

Quando fazia a pesquisa para este trabalho deparei-me com este título absolutamente esclarecedor: “Número de emigrantes em 2012 foi superior ao total de nascimentos.” Nesta crónica escrita por Raquel Albuquerque, jornalista do jornal O Público e com aspeto merecedor de um convite para jantar, o número é tão redondo que assusta: “Num só ano, mais de 120 mil portugueses deixaram o país”. Segundo dados das estatísticas do INE, o número mais elevado conhecido até então era de 120.239 pessoas, no ano em que o Eusébio fazia furor no campeonato do mundo - 1966.

De facto, a população residente em Portugal estava algo constante até ao ano de 2010, cifrando-se na ordem dos 10.5 milhões. Estima-se que em breve estaremos na marca dos 10 com tendência para agravar.

Os principais destinos dos emigrantes portugueses são França, Estados Unidos e Suíça surgem como principais destinos dos emigrantes portugueses, e para ser mais preciso, cá vai: França contava com 580.240 residentes portugueses, enquanto os Estados Unidos tinham 166.583 e a Suíça 164.691. Com números superiores a cem mil emigrantes estão ainda o Canadá (150.390 emigrantes lusos), a Espanha (146.298) e o Brasil (139.973.

Não sei se é de estranhar ou não, mas fiquei a saber que foi criado para este efeito o “Observatório da Emigração” em 2008, para nos poder fornecer estes dados. Até à conclusão desta crónica, não pude confirmar se foi financiada pelo estado ou não.  

Ok, confesso que a última frase do parágrafo anterior foi completamente propositado, pois é a deixa ideal para bater agora desalmadamente neste governo. Bater com força, como se a nossa vida dependesse disso, porque, de facto, depende. Quando o nosso primeiro ministro, em Dezembro de 2011 apelou è emigração dos portugueses, foi um sinal claro do nosso líder, :“malta, fujam! Bazem rápido! Não sei o que estou a fazer e disseram-me que isto está muito pior do que a licenciatura do Relvas e do Sócrates juntos! ” este discurso não foi utilizado desta forma tão directa porque alguém do gabinete lhe disse que a Edite Estrela viria logo com pedras e canas dizer que não é forma de se falar português na televisão e a fazer alterações linguísticas de belo efeito. Bem, mas com ou sem eloquência, vamos analisar as consequências mais obvias.  O nosso líder político (engraçado a quantidade de nomes com que o podemos tratar sem o ofender!) fez uma clara alusão aos recém-licenciados e a todos pertencentes a quadros de “qualificação específica” como enfermeiros, engenheiros e professores. Bem, quem está na idade de trabalhar vai-se embora, ficamos sem juventude porque os jovens estão no estrangeiro a brincarem às mamãs e aos papás, a mão-de-obra qualificada, convenhamos, passará a ser desnecessária porque um país só precisa desse luxo quando tem habitantes. Daqui a nada estamos a ser assistidos pelo picheleiro que esteve ontem em minha casa quando formos fazer análises ao sangue, isto se o homem não receber uma proposta financeiramente mais vantajosa de uma empresa manhosa sediada num qualquer recanto em França. A verdade, sem ironias, é que estamos há demasiado tempo com governantes incompetentes. Daqui a quinze anos, se cá estiver, voltarei a escrever uma crónica para os possíveis 43 habitantes do país a dizer-vos o que é que evoluiu.